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Relações Internacionais

Entre as definições iniciais do autor sobre o que trata a disciplina, diz ele que “trata dos fenômenos do meio internacional que merecem maior atenção de toda comunidade internacional” (p. 8). No capítulo revirando uma salada ideológica, ele trata das formas de expressão utilizadas entre os estudiosos das relações internacionais, assim facilitando o entendimento do texto e da disciplina, definindo relações internacionais como “relações entre os diversos atores internacionais” e relações exteriores como “relações de um Estado determinado com outros Estados.” (p.14).
A seguir entramos no tema acredito principal para o entendimento da disciplina, os paradigmas. Iniciando com o conceito da palavra para as relações internacionais, “uma visão dos fenômenos internacionais ou mundiais, amparada em algum método, cuja pretensão é explicar e dar sentido para os fatos que estão desenrolando no cenário internacional.” (p.18).
Os quatro paradigmas apresentados são: No realista, ou clássico, o paradigma mais antigo, inspirado por Hobbes e Maquiavel, com antecedentes na Grécia antiga. Seus princípios são: “o realismo político sustenta que a política tal como a sociedade em geral, é governada por leis objetivas que lançam raízes na natureza humana; o principal indicador que ajuda o realismo político a encontrar o seu caminho em meio á paisagem da política internacional é o conceito de interesses definido em termos de poder; considera que seu conceito-chave de interesse definido como poder é uma categoria objetiva com validade universal; sustenta que os princípios morais universais não podem ser aplicados as ações dos Estados, a partir de sua abstração, mas devem ser filtrados com observância das circunstancias corretas de tempo e lugar; nega-se a identificar as aspirações morais de uma nação concreta com leis morais que governam o universo; defende sua autonomia da esfera política.” (p. 24). As principais características são: “política interna e política internacional são consideradas duas coisas distintas e independentes entre si” “normas e princípios internacionais para orientar e harmonizar a convivência internacional.” Sua definição de ator internacional, são apenas os Estados. A organização tem status de sujeito.” “O poder é a obsessão do realismo... observa-se uma luta constante pelo poder, mediante o uso da força. O equilíbrio dela alcançaria a paz internacional.” (p. 27,28).
O neo-realismo trouxe o paradigma da dependência e interdependência, através de métodos científicos de análise da estrutura do sistema internacional. “O dependentismo tem como eixo central a visão de que o sistema internacional padece de desequilíbrios.” (p.30). Com influências marxistas e estruturalistas, o terceiro mundo contribuiu com a teoria dependentista. “E estavam mais preocupados em analisar as estruturas e a partir delas formular suas teses.” “Os Estados são atores importantes, mas não são os únicos, as ONG’s, as multinacionais, são atores que o dependentismo dá importância.” (p. 33). “O dependentismo tem uma visão pessimista quanto à possibilidade de convivência harmônica entre os atores internacionais.” “A cooperação não passa de um instrumento paliativo.” (p. 34).
O paradigma da interdependência, ou da sociedade global, “buscam fora das concepções realistas a explicação para os fenômenos internacionais que cada vez mais ganhavam espaço.” “abre as portas para autores não-governamentais, e reconhece o poder que as empresas multinacionais ou transnacionais exercem sobre as relações internacionais.” “o Estado-nação, a soberania, perdem importância.” (p.39). A realidade dos temas internacionais e a multiplicidade de atores, exige normatização e jurisdição internacional para cuidar de forma imparcial dos assuntos mundiais. “As questões política/militar perdem importância dentro da lógica globalista. São temas econômicos, ambientais, demográficos e todos aqueles que criam redes de interdependência.” (p.43).
O paradigma da Paz, ainda não aceito pela maioria dos internacionalistas, onde “ a perspectiva educacional é importantíssima, na medida em que se assume que a violência não é atávica, não é inerente ao ser humano, mas um produto de sua cultura.” “Para alcançar a verdadeira paz, positiva, é necessário substituir a cultura da guerra pela cultura da paz.”
Após a guerra fria, os realistas vêem o sistema internacional regido por uma única superpotência, com uma lógica unipolar, os EUA. Os interdepententistas considerando a importância dos fluxos econômicos, na distribuição do poder mundial, definem uma atual multi polaridade, isso devido a globalização. Os dependentistas acreditam que a má distribuição das riquezas, aumentou e a periferia está muito mais frágil e descoberta do que antes. No paradigma da paz reforça seu princípio de que é possível construir a paz, promovendo o desarmamento e a desmilitarização do mundo.
Marcel Merle qualifica as relações internacionais como: “todos os fluxos que cruzam as fronteiras ou que inclusive tendem a transcendê-las.” (p. 49). Celestino del Arenal denine como “as relações entre indivíduos e coletividades humanas que configuram e afetam a sociedade internacional, ciência que se ocupa da sociedade internacional a partir da perspectiva desta mesma.” (p. 50).
Alguns temas internacionais tratados pelo autor devem ser destacados para melhor compreendermos a disciplina.
“O comercio internacional é um dos pilares da economia internacional, cuja configuração materializou-se a partir de acontecimentos imediatamente posteriores a segunda grande guerra.” (p. 52). Acordos como Bretton Woods, a criação do FMI, do GATT e da OMC, foram criados para liberalizar o comercio internacional. E no caso da “OMC para oferecer medidas jurídico-institucionais dos legítimos interesses dos paises em desenvolvimento.” (p. 55).
A democracia aparece como o ultimo estágio de desenvolvimento humano, até o momento. Defendendo idéias de soberania popular, como condição de legitimidade para o exercício do poder político e da separação dos poderes, uma das idéias de Montesquieu, criando um sistema de freios e contrapesos a democracia consolidou-se com ideais de liberalismo político e econômico.
O desarmamento e desmilitarização, o autor diz que tanto os paises desenvolvidos como os em desenvolvimento “desperdiçam dinheiro, porque investir em armas não traz retorno econômico, salvo para industrias de armamento.” (p. 64).
Os direitos humanos, após a segunda grande guerra tiveram grande impulso, com a Declaração dos Direitos Humanos e vários outros efetivados através da ONU. “A aceitação dos DH como valores universais esbarra em questões complexas, de natureza cultural e religiosa.” (p. 69). A dívida externa, “é um tema preocupante para as relações internacionais dos paises em desenvolvimento, pois a pressão da transferência de recursos ao exterior continua comprometendo a estabilidade e o crescimento das economias menos desenvolvidas.” (p. 73).
Os mega blocos econômicos, O autor coloca o lado bom e ruim deste fenômeno, “o protecionismo gerado por tais blocos pode comprometer a abertura do comercio multilateral.” “as políticas discriminatórias de pessoas, comprometem a abertura e a estabilidade das relações internacionais.” Os vínculos de confiança entre as nações, como na EU são um importante avanço em se tratando de relações internacionais. Outros blocos ainda avançam mais lentamente, na Ásia, América, etc.
O meio ambiente e o desenvolvimento, são fenômenos de interdependência resolvidos com decisões multilaterais, como as da RIO92 que resultaram em vários acordos como o Tratado de Quioto. “É necessário comparar os discursos de alguns paises desenvolvidos que se auto proclamam ecologicamente corretos com suas ações concretas em relação aos paises em desenvolvimento.” (p. 80).
As migrações internacionais, “os conflitos armados e a dissolução do mundo comunista tem constituído causas principais do deslocamento de populações mas relações internacionais.” (p. 81). Também ao dificuldade de melhores condições de vida nos paises em desenvolvimento ocasiona este deslocamento. “O fator populacional voltou a ganhar relevância após a guerra fria, no alvorecer de um novo cenário mundial.” (p. 83).
O nacionalismo e conflitos étnicos, “nenhuma das sociedades de capitalismo de Estado aceita o princípio da livre movimentação da mão-de-obra, uma condição sine qua non da teoria do livre comercio,” diz Noam Chomsky. (p. 86)
O narcotráfico, poder paralelo, fazem um tripé no comercio internacional, lavando dinheiro, corrompendo Estados inteiros, num circulo vicioso e fatal para as estruturas estatais, mal aparelhadas e suscetíveis à corrupção. “É preciso buscar eficácia no combate ao narcotráfico fora do âmbito militar, aumentando recursos financeiros e tecnológicos e a cooperação internacional” (p. 89)
Religião e cultura, ocidente e oriente, essas serão fontes dominantes de conflitos e choques de civilizações que dominarão a política global. A medida que um impõe sua cultura aos demais o choque cultural é causado. Principalmente hoje na imposição dos padrões ocidentais. O Sistema das Nações Unidas, de forma diplomática tenta resolver grandes problemas mundiais.
O Brasil possui relações amistosas em todo planeta relaciona-se com o mundo em distintos fluxos de comercio, pois não tem um parceiro majoritário. “É visto como uma potência média, com peso regional e não está atrelado a um poder hegemônico específico.” (p. 103). Hoje o Brasil é um pais muito importante na busca de alternativas para garantir o direito dos paises em desenvolvimento no cenário internacional, no chamado dialogo sul-sul, e também norte-sul-sul. O Brasil pode explorar um amplo leque de alternativas para mover-se no cenário internacional.
Na atualidade “aprofunda-se o fenômeno da globalização, e os capitais voláteis transformam-se num dos mais importantes desafios da agenda mundial” (p. 112). Todos estes conceitos que vimos anteriormente são os temas das relações internacionais hoje. E todo são tratados internacionalmente com o apoio da ONU.
O Brasil aspira novo status de autor global, com maior participação político global, como alcançou na América do Sul. Mas apesar de ótimo diplomata e representante dos paises do hemisfério sul, seu índice de desenvolvimento humano caui e como pais baleia isso não tem um bom apelo.


RODRIGUES, Gilberto Marcos Antônio. O que são relações internacionais. São Paulo: Brasiliense, 1994, 119p.

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